afetividade
1. RESENHA BASEADA NO ARTIGO:
SOUZA, R.K.M, COSTA, K.S. “O Aspecto Sócio-afetivo no Processo Ensino-aprendizagem na Visão de Piaget, Vygotsky e Wallon”.
Tendo como base as análises feitas em artigo cientifico de SOUZA e COSTA (2008), sobre as manifestações e estudos de Piaget, Vygotsky e Wallon no que se refere as aspectos sócio-afetivos e a importância de sua contribuição na aprendizagem, estes escritos vem abordar de forma sucinta os escritos das autoras, que trazem com muita pertinência este assunto, partindo de um resgate sobre a educação chegando ao processo histórico em que ela perpassou, em especial as bases das teorias do desenvolvimento humano.
De forma geral, os autores estudados, Piaget, Vygotsky, são grandes precursores que contribuíram com suas teorias de forma significativa e eficaz para a compreensão do desenvolvimento humano no processo de ensino-aprendizagem, principalmente nas séries iniciais, o que SOUZA e COSTA (2008) relatam com eficiência e de fácil compreensão.
As autoras trazem descrições sobre estes estudiosos, sendo interessante descrever cada um deles em especial, assim como fizeram. Iniciando por Piaget, elas descrevem que este estudioso vem abordar o processo de sensibilização, do desenvolvimento dos laços de afeto e da afetividade como um estudo que está articulado ao desenvolvimento da mente é intrinsecamente relacionado a percepção ou não-percepção dos objetos distintos e, passando pela gênese das atividades e dos afetos, chega-se à percepção e à consciência de si (sujeito) e do outro (objeto) pela internalização de percepções, movimentos e sentimentos. Definem também, em concordância com os estudos de Piaget que a afetividade são como movimentos mentais conscientes e inconscientes não racionais (razão), sendo o afeto um elemento necessário (a motivação) para o desenvolvimento cognitivo e na construção do conhecimento.
Para Piaget, como descreve SOUZA e COSTA (2008), o comportamento apresenta tanto os aspectos afetivos, quanto o cognitivo. Não há comportamento afetivo puro, nem comportamento cognitivo puro. A criança que gosta de determinado conteúdo faz progressos mais rápidos, enquanto que a criança que não gosta, avança mais devagar, ou não avança.
Segundo as autoras, Piaget descreveu cuidadosamente o desenvolvimento afetivo e cognitivo da criança, desde o nascimento até a vida adulta, centrando-se na infância. Chegando a conclusão de que, a criança, com suas capacidades afetivas e cognitivas expandidas através da contínua construção, tornam-se capazes de investir afeto e ter sentimentos validados nelas mesmas
Partindo destes pressupostos, o tratamento dado ao papel da afetividade enquanto que orgânica e individual na educação, é uma questão ligada, antes de tudo, ao indivíduo, na sua singularidade, na sua mente, no seu organismo e, a noção do organismo, em Piaget, pelo seu sentido interacionista, tem um sentido novo, isto é, ela pressupõe o meio. Podemos interpretar desta forma que, o indivíduo pressupõe o meio, no sentido de que o meio é indispensável para a própria construção do sujeito, nas relações afetivas com que se depara.
Tratando da mesma abordagem, as autoras trazem em seu artigo cientifico os estudos de Vygotsky, que vem complementar o de Piaget. Apesar de SOUZA e COSTA (2008) terem sido mais complexas em sua descrição, podemos resumir que Vygotsky defende que é através de interações recorrente com o meio físico e social que o indivíduo transforma-se e evolui, evidenciando o papel das interações sociais, além da linguagem, para o desenvolvimento humano. Enfatiza em seus estudos, a íntima relação entre afeto e cognição, aspectos humanos que não podem dissociar-se. E a família, neste contexto, é fundamental para o desenvolvimento deste processo.
Neste sentido, é interessante fazer um apêndice mais comum da família, onde há de se observar, que é o conjunto de pessoas que se unem pelo desejo de estarem juntas, de construírem algo e de se complementarem. E é através destas relações que as pessoas, componentes da mesma, tornam-se mais humanas, aprendendo a viver a afetividade de maneira adequada.
Os estudos de Vygotsky elaborado pelas autoras levam a compreender que a família, como primeiro momento social em que a criança se insere, tem a função de sociabilizar, conduzir e estruturar os filhos como seres humanos, pois vários, estudos e pesquisas têm demonstrado que jovens-problemas são fruto de famílias que, independentemente do nível sócio-econômico, não lhes oferecem afetividade suficiente. O que faz a diferença é a capacidade das famílias estabelecerem vínculos afetivos, unindo-se nas evidências e demonstrações dos sentimentos. Ela é o âmbito em que a criança experimenta e vive sua maior sensação sentimental, sejam eles bons ou ruins. É na família que se aprende a linguagem mais complicada da vida: a linguagem da afetividade. E para que isto transcorra numa assimilação constante, a criança, quando se depara com outros espaços, como a escola, acaba por precisar de condutores destas ações, aqueles que possam dar continuidade de suas expressões e proporcionem a vivência da afetividade no âmbito escolar. Neste segmento é fundamental a mediação do professor.
No que se refere aos estudos de Wallon, compreende-se que este estudioso contribuiu com notáveis estudos sobre a psicogênese da motricidade como uma significação fundamental para a criança e que essa significação é emocional e afetiva. Assim, a emoção é o primeiro e mais poderoso instrumento de sobrevivência da espécie humana. “A razão nasce da emoção.”
Assim, percebe-se que tanto a psicogênese da motricidade como a das emoções ou afetos desemboca na psicogênese da razão humana. Sendo de fato, muito importante os elementos não estritamente cognitivos na aprendizagem, como os afetos, o qual já tinha sido reconhecido há muito tempo por Piaget.
Os estudos de Wallon, como citado pelas autoras, sobre a afetividade buscaram articular o biológico e o social, atribuindo às emoções um papel de primeira grandeza na formação da vida psíquica, interligando o social e o orgânico. Desta forma, podemos dizer que Wallon articulava os pressupostos de Piaget e Vygotsky, pois para ele a inteligência e os aspectos afetivos estão totalmente articulados, sendo que a evolução do afeto relaciona-se com as construções realizadas no plano da inteligência, assim como a evolução da inteligência depende das construções afetivas. Seus estudos, com muita propriedade, analisam o indivíduo em sua totalidade, articulando as dimensões afetivas e cognitivas. Além disso, atribui às interações sociais um papel de destaque para o desenvolvimento humano. Segundo as autoras, Piaget, Vygotsky e Wallon, faz nos compreender que as investigações destes três estudiosos entram em consonância ao identificar que a afetividade tem seu caráter social e construtivo no desenvolvimento humano, mesmo que por vezes dissociem-se em alguns pressupostos, todos convergem para uma compreensão global de como podemos interpretar e associar os estudos sobre a importância da afetividade no desenvolvimento da aprendizagem em nossa prática docente.
Concluindo seus estudos, as autoras fazem um apêndice importante citando que a motivação é um dos aspectos fundamental para que ocorra um aprendizado significativo e ela não ocorre se não houver uma intensa troca de saberes ligados aos aspectos sócio-afetivos em que se dispõe.